Concurso Literário - "Memórias e Afectos" (8.ª Edição)

O Concurso Literário, subordinado este ano à temática "Memórias e Afectos", destina-se a todos os alunos das Escolas Profissionais do país, sendo organizado pela Escola Profissional de Aveiro.
Trata-se, pois, de uma iniciativa que visa a produção de um texto em poesia ou em prosa, privilegiando-se a imaginação, a adequação estrutural e a correcção a nível ortográfico e de pontuação.
Haverá dois prémios para cada modalidade. Assim,  o 1.º prémio tem um valor aproximado de 60 € em material pedagógico e/ou multimédia e o 2.º prémio um valor aproximado de 40 €. Além disso, todos os trabalhos vencedores serão publicados em jornais regionais, num jornal nacional e no sítio da EPA: http://www.epaveiro.edu.pt/
As candidaturas deverão ser apresentadas até ao dia 31 de Março e as decisões do Júri serão anunciadas publicamente na 1.ª quinzena de Maio.


Da nossa Escola, participaram neste concurso os alunos Carlos Alvarenga e Inês Teixeira - 2.º Ano/THSTA, na modalidade poesia, cujos trabalhos se divulgam.


Memórias e Afectos

Lembro-me de acordar cedo
em casa de minha avó.
Mandava-me ir buscar milho
numa tosse que metia dó…
Ouvia os pássaros, o rumor das árvores…
Falavam-me tão baixinho…
Mas não parava de pensar na minha triste e alegre avó.
O seu pulmão escurecera já o suficiente…
Fumara desde cedo!
Iria ela perecer?
Acho que esse era o meu maior medo.
No vazio da minha infância, vejo-a a morrer aos poucos
e eu, impotente, sem nada poder fazer.
O seu destino estava traçado…
Todos sabiam de que ela iria morrer.
Os dias e as horas iam passando…
Porém, ninguém adivinhava quando surgiria o momento derradeiro,
excepto o meu querido e velho avô,
Sempre conectado à minha avó como se fossem um!
Amor quase irreal, amor de décadas,
amor onde entra a adopção!
Amor onde minha mãe foi criada sem rejeição!
Amor que hoje está em extinção,
amor esse que acredito e que sinto dentro de mim.
Amor esse que não pode ser completado apenas por um.
Amor sem competição!
Enquanto ela se despedia,
todos choravam no adeus e mais parecia uma novela…
E enquanto o seu coração batia pelas três últimas vezes,
eu vi-a morrer…
Nunca irei esquecê-la, pois era muito especial para mim…
Era criança, bem criança, mas estas memórias e afectos nunca esqueci…
de uma avó que, por um vício, morreu.
Por isso, ainda hoje, o seu valor, o seu afecto e o seu amor
continuam tão presentes…

                                                   Carlos Alvarenga


Chorar é suavizar a profundidade da dor

As tuas lágrimas...
são pérolas de sangue,
as lágrimas que irrompem das fontes dos teus olhos,
sangue escaldante que jorra desse coração triste,
ferido e revoltado,
tantas vezes espicaçado pelos abrolhos ou ingratidão...
As tuas lágrimas...
são a espuma cristalina das ondas desse mar que é a tua alma.
Ah grito salgado de tempestade!
Ora ciciar jemumebrundo e manso de maré calma!....
As tuas lágrimas são flores de cor viva que brotam palpitantes do teu mundo...
Flores roxas nos momentos de tristeza,
flores de partilha generosa, em todas as horas da vida,
lágrimas de alegria com quem chega,
lágrimas furtivas de saudades na despedida.

                                        Inês Teixeira


Parabéns aos concorrentes e boa sorte!

O Professor responsável,

  José António Batista

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